Material Educativo

“devemos fechar os olhos para ver quando o ato de ver nos remete, nos abre a um vazio que nos olha, nos concerne e, em certo sentido, nos constitui”
(Didi-Huberman, 1998, p. 31)

Diante do desafio proposto por Didi-Huberman, somos instigados a voltar o nosso olhar para “o que vemos e o que nos olha”. Nessa implicação, buscamos capturar o olhar fugidio que cotidianamente nos atravessa para parar e acessar a exposição “Olhares além do tempo I 70 anos da Ufes”.

Partindo de um olhar cuidadoso para o “planetinha ínfimo chamado Terra” (Jeveaux, 1979), vamos adentrando no território brasileiro, capixaba, para finalmente chegarmos a um lugar afetivo chamado Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Como “seres imagéticos”, somos convidadas/os a olhar, a transver a produção artística, que compõe o acervo da Galeria de Arte Espaço Universitário (Gaeu), de professoras/es-artistas-pesquisadoras/es dessa instituição de ensino superior que, neste ano, completa 70 anos.

Para além de uma curadoria feita a muitas mãos, a exposição “Olhares além do tempo” nos possibilita “voltar o olhar novamente para onde, aparentemente, não há nada a ver”, ou melhor, não vemos porque desconhecemos o potencial artístico-cultural intrínseco produzido por professoras e professores da Ufes.

Ao transvermos coletivamente todo o acervo da Gaeu, propomos então, como material educativo, quatro ações que podem e devem ser desdobradas a partir da experiência de cada professor/a, pois “o ato de ver sempre nos abrirá um vazio invencível”; e, a partir desse vazio, dessa necessidade de preenchimento, somos convidadas/os a fabular, (re)criar, (re)inventar, (res)significar para além do tempo presente...

A cada ação pedagógica proposta como dispositivo para acionarmos as obras, desejamos que o seu olhar, que o ato de ver “acomodado, acostumado, anestesiado”, seja potencializado para ver e reconhecer a cidade que habitamos por meio de suas manifestações culturais, que nos constituem/constituíram e nos trazem uma sensação de pertencimento às terras capixabas com seus variados matizes.

É preciso “fechar os olhos” para ver além do tempo diacrônico ou sincrônico na busca de valorização das nossas identidades. Nesse sentido, propomos uma metáfora a partir de “Sankofa”, ou seja, "retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro"
(Abdias do Nascimento).
Vida longa à Ufes!!!

Referência
DIDI-HUBERMAN, GEORGES. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Ed. 34, 1998. 260p. OCUPAÇÃO. Abdias Nascimento: Sankofa. Ocupação, [s.d.]. Disponível em: https://ocupacao.icnetworks.org/ocupacao/abdias-nascimento/sankofa/. Acesso em: 16 ago. 2024.

Margarete Sacht Góes

 

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